Laboratório Geoespacial Livre – UFPR

Blog #004 Las calles de las mujeres

Sejam bem vindos novamente ao blog do labgeolivre, caso não tenham visto nosso post anterior, só clicar nesse link: http://www.labgeolivre.ufpr.br/?p=1787

Hoje iremos abordar um dos projetos mais interessantes desenvolvidos nos últimos anos, Las calles de las mujeres.
Desenvolvido pela comunidade GeoChicasOSM, Las calles de las mujeres (As ruas das mulheres) é um projeto colaborativo com a finalidade de produzir um mapa das ruas que tem o nome de uma mulher, com o objetivo de vincular e gerar o conteúdo no OpenStreetMap e na Wikipédia sobre as mulheres de destaque.
las calles

Falando um pouco mais sobre o grupo que deu origem ao projeto, as GeoChicas é um coletivo que surgiu com a ideia de fechar a lacuna de gênero entre aqueles que participam do projeto de mapeamento colaborativo OpenStreetMap (OSM).
A iniciativa procura moldar uma nova etapa na história de forma colaborativa, enfatizando a importância das mulheres serem lembradas, assim como, suas lutas e conquistas, tanto no espaço público quanto no espaço virtual.

Essa desigualdade é vista também no âmbito cartográfico, como podem ver na imagem a seguir.
las calles 2(em português: “Dos mais de 200 artigos sobre cartógrafos na Wikipédia, apenas 2 são sobre mulheres
Mas as mulheres mapearam o mundo por muitos séculos)

Outra etapa interessante do projeto foi que em 2020, a cidade de Córdoba, Argentina, foi incluída no projeto com a ajuda da JUNTAS.
E como resultado foi constatado que existem apenas 160 ruas com nomes de mulheres, isso entre as 2256 ruas com nomes próprios, o que significa que apenas 7% das ruas com nomes próprios reconhecem mulheres relevantes na história local, nacional e internacional.
Essa baixa porcentagem também é vista na cidade de Buenos Aires, mas é inferior a média de 12% das outras cidades argentinas. Juntas, as cidade argentinas tem em média 10% de ruas com nomes femininos e no cenário internacional, Córdoba, é uma das cidades com o menor percentual entre os pesquisados. Em comparação, as cidades espanholas aparecem com uma média de 17% de ruas com nomes de mulheres.

Essa disparidade e desigualdade em nomes de ruas é apenas um dos reflexos de como a sociedade viu a mulher ao longo do tempo, resultando numa representatividade escassa ao longo da história. O resultado disso é o gênero feminino ser quase que invisível perante a esfera pública.

Foram falados dados sobre alguns outros países, mas e o Brasil?
O Brasil não foge muito a regra, infelizmente. Para cada espaço público que homenageia uma mulher, há 4 homenageando homens.
las calles 3Isso apenas evidencia a falta de representatividade feminina nas ruas do país, já que há por volta de 791 mil logradouros com nomes masculinos, maior inclusive que os nomes neutros (objetos, dias, números…) que tem 695 mil nomes. Já para os nomes femininos foram reservados apenas 176,4 mil espaços públicos.

A imagem a seguir representa o que foi dito de maneira mais gráfica.
las calles 4
Outro fato interessante é que Nossa Senhora é o nome feminino que mais aparece, com 5,1 mil endereços e desconsiderando outras figuras religiosas, a figura feminina que tem o nome mais frequente nos logradouros é a Princesa Isabel com 1 mil endereços.

Fonte dos dados sobre o Brasil: https://piaui.folha.uol.com.br/no-brasil-para-cada-espaco-publico-que-homenageia-uma-mulher-ha-4-homenageando-homens/

Voltando a falar sobre o Las calles de las mujeres, no Brasil, o projeto já havia chegado na cidade de Pato Branco – PR, e recentemente, através da iniciativa do Mapeadores Livres, em especial os membros Jaqueline Amorim e Kauê Vestana, foi finalizada a validação dos nomes de ruas na cidade de Curitiba. Abaixo segue a classificação das ruas.

gráfico las calles cwb

A porcentagem de ruas com nomes femininos é maior que a média argentina, 10%, mas ainda sim é ínfima perante a esmagadora porcentagem de homens representados que chega perto de 70%.

Finalizada Curitiba, foi iniciada a validação das ruas de Salvador – BA e qualquer um pode participar, para ajudar e participar do projeto basta clicar no link:
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1-4tmljL4YcbOf-zUHMTYCCVNFlRdPoe5/edit#gid=778365173

Finalizando este post, gostaria de deixar um agradecimento especial para a Jaqueline Amorim que forneceu grande parte das informações, o que possibilitou que essa postagem fosse ao ar. Aproveitando, sigam ela nas redes sociais:
Instagram: @jaquii_amorim
Twitter: @amorim_jaqui

Seguem aqui alguns links para mais informações sobre o projeto.
github do projeto Las calles de las mujeres:
https://geochicasosm.github.io/lascallesdelasmujeres/
https://github.com/geochicasosm/lascallesdelasmujeres
t
witter GeoChicas: https://twitter.com/GeochicasOSM
site GeoChicas: https://geochicas.org
HOT GeoChicas: https://www.hotosm.org/projects/geochicas-closing-the-gender-gap
Artigo sobre o projeto (em espanhol):
https://www.revistadelauniversidad.mx/articles/3614da8c-7848-421f-b63b-f3ca5bd91503/las-calles-de-las-mujeres
Projeto JUNTAS: https://juntasporelderechoalaciudad.org.ar

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